Mário Silva "contributo para a renovação do basquetebol nacional"



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Mário Silva, treinador do Algés, 10º classificado da LPB faz o balanço da época de estreia da equipa na principal competição nacional.
Agora que terminou a época, que balanço faz?
No inicio da época definimos claramente dois objetivos: um mais ambicioso que era chegar ao Play Off e outro que era alcançar  o 10º lugar. Concretizámos o segundo que garante as condições mínimas para que o Algés se candidate na próxima época à LPB. A experiência acumulada por todos permite sonhar com um futuro mais tranquilo. Como treinador tenho sempre  presente a ambição de fazer sempre mais e melhor assim poderíamos ter feito um pouco mais mesmo com todos os “handicaps”.
Em 13 das 17 derrotas que sofreram na fase regular perderam por menos de 10 pontos. Foram demasiados jogos a "morrer na praia"? 
Quando entrámos no clube queríamos elevar rapidamente o mesmo para níveis superiores. Dominámos por completo na última época a Proliga (campeão com 29 vitórias e apenas 4 derrotas) e o clube regressou, passados quase 20 anos, ao convívio dos “grandes”. Relativamente ao que se passou esta época creio que é um autentico “case study”, senão vejamos:
Disputámos 20 jogos com o saldo de 3 vitórias e 17 derrotas.
3 jogos com prolongamento.
11 jogos com diferenças abaixo dos 5 pontos
5 jogos com diferenças abaixo dos 10 pontos
4 jogos com diferenças superiores a 10 pontos
Isto é quase que ganhávamos a maioria dos jogos .
Uma  equipa que quase que ganha todos os jogos mas que perde repetidamente nos últimos instantes, tende a diminuir o ritmo e a perder a confiança. Aos treinadores compete incutir a ideia que todos os jogos são passíveis de vitória para qualquer um dos lados, basta querer vencer. Sei também que motivação é um instrumento de transformação, mas não age por si só, e, sendo assim, não adianta apenas motivar a equipa que parte em desvantagem, mas sim organizá-la e colocá-la em condições de inverter o “destino”.Todos ficarão mais motivados se acreditarem que têm chances de ganhar. O nosso último jogo do campeonato que acabou com a saborosa vitória na casa do Galitos é disso um bom exemplo.
Dada a valia do grupo de trabalho esperava uma prestação mais positiva ?
No inicio da época entreguei à Direção a lista de jogadores que julgava ser suficiente para termos uma época tranquila. Sabia que a competição da LPB é bem mais exigente que a Proliga. Quem sobe encontra sempre dificuldades acrescidas e este ano mais uma vez ficou provado com as classificações do Galitos, Algés e Física clubes oriundos da divisão inferior. A não concretização de apoios financeiros em tempo útil fez com que apenas tenhamos contratado um atleta norte americano. Felizmente não me enganei com o Jamarkus Holt (apenas à 7ª jornada passámos a contar com um jogador interior) que mesmo com um enquadramento desfavorável, foi figura de destaque na LPB: Melhor ressaltados total  (11,8), melhor ressaltador ofensivo ( 6,5 ),  6º melhor jogador (4º com 22,5 no MVP) e ainda marcou de média 19,2 pontos de média (3º). Nada mau para quem é jovem e fez a sua estreia na Europa.
O 2º norte americano, Steven Weingarten (La Salle ) acabou por não vir e bem jeito me dava (está atualmente jogar o campeonato da Austrália nos  Goldfields Giants com médias de 28 pontos e 13 ressaltos). A equipa esteve assim completamente desequilibrada, com excesso de jogadores exteriores e falta de referencias interiores. Perdemos relativamente ao passado dois jogadores determinantes: Desean White (MVP da Proliga) e Sérgio Correia (garantiu um contrato de profissional em Angola). Recrutámos dentro das nossas possibilidades e fizemos o melhor que podíamos dados os condicionalismos. 
Foi uma época decepcionante ?
Não longe disso. Conseguimos garantir o 10º lugar, jogámos ao mais alto nível discutindo todos os jogos mas encontrámos muitas dificuldades e naturalmente ficámos a saber o que efetivamente valemos e quais os nossos limites. Como escreveu o mestre dos “coachs” John Wooden : “Success is never final, failure is never fatal. It's courage that counts. E coragem é coisa que não me falta…
Quanto ao Clube. Ficou agradado com as condições de trabalho que lhe foram oferecidas ?
O meu trabalho no Algés vai muito além da tarefa de treinar a equipa Sénior Masculina.
Com a Coordenação Geral tenho contribuído com os Dirigentes, Treinadores, Atletas e Familiares para que o Clube tenha passado nos últimos anos a voltar a ser uma das referencias da modalidade. O Algés tem papel de relevo no basquetebol feminino e pode num futuro breve fazer o mesmo no Masculino. A coordenação do trabalho e a unificação dos métodos é uma das razões do sucesso do nosso Clube, facto a que se soma também a  vantagem de ter um Director que foi praticante de nível e treinador (Jorge Coelho) e Dirigentes /Seccionistas à moda antiga (com o Alfredo Realista e o Mário Tenório a serem bons exemplos).
Pode e deve melhorar as condições de treino dos seniores, passando de um regime amador a um semi profissional, com uma estrutura mais exigente com mais tempos de treinos e horários mais adequados para quem tem de ser mais rigoroso e  intenso na sua profissão. O pavilhão como ficou provado tem as condições necessárias para a actual dimensão da L.P.B.
Próxima Época? Vai voltar a treinar no Algés? 
Pela frente ainda tenho esta época mais alguns meses de trabalho. Os treinos “Off Season” dos seniores, o acompanhamento dos treinadores e das equipas da Formação e as actividades de final de ápoca ocupam agora as minhas preocupações imediatas. Relativamente à continuidade no Clube temos tempo para fazer os necessários e habituais relatórios de avaliação para decidirmos em conformidade. A minha paixão, vontade de treinar e as convicções pelo jogo e pelo treino não mudam pelo simples facto de ser num ano Campeão na Proliga e noutro 10 º na LPB.
Abordando a sua carreira como Treinador na Liga como avalia globalmente esta experiência?
Como disse anteriormente era difícil fazer melhor dadas as condicionantes. Mesmo assim poderíamos ter ido um pouco mais além. Positivo foi também o facto de termos sempre casa cheia. Lisboa passou a ter mais um ponto de encontro de todos os que gostam de ver basquetebol e muitos foram os que por lá passaram .
Quer deixar uma mensagem a alguém em especial ? 
A mensagem vai para os mais jovens. Numa época complicada conseguimos mesmo assim dar algum contributo para a renovação do basquetebol nacional que se deseja rápida: O base Diogo Ventura jogou  200 minutos ( em 2011-12 jogou apenas 2m no S L Benfica) e é no futuro próximo candidato a lugar de destaque no panorama Nacional; o 2º base Diogo Correia jogou 405 minutos ( 291 no F.C.Porto época passada) e o mais jovem talento do Clube Luís Câmara com apenas 16 anos participou em 4 jogos (9m).

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